De Hippolyte à Kardec

Ali [Lyon, 19 de setembro de 1860] é aceso o fogo sagrado que empunharão, através dos séculos, todos aqueles que se compromissaram, mesmo ao preço de injúrias, suor e lágrimas, a divulgar as glórias do Espiritismo pela bênção da palavra.”– Prefácio do tradutor, Viagem Espírita em 1862, pág. 17.

OBRAS PÓSTUMAS

(1ª Parte, Biografia de Allan Kardec, págs. 21 a 23)

“Nascido em Lyon, em 3 de outubro de 1804, numa antiga família que distinguiu-se na magistratura e no tribunal, o Sr. Allan Kardec (Hippolyte-Léon-Denizard Rivail) não seguiu esta carreira. Desde a primeira juventude, sentia-se atraído para o estudo das ciências e da Filosofia.”

“Educado na Escola de Pestalozzi, em Yverdon (Suíça), tornou-se um dos discípulos mais eminentes desse célebre professor, e um dos propagadores zelosos do seu sistema de educação, que exerceu uma grande influência sobre a reforma dos estudos na Alemanha e na França.”

“Dotado de uma inteligência notável e atraído para o ensino pelo seu caráter de suas aptidões especiais, desde a idade de 14 anos, ensinava o que sabia àqueles colegas que tinham compreendido menos que ele. Foi nessa escola que se desenvolveram as ideias que deviam, mais tarde, colocá-lo na classe dos homens de progresso e dos livres-pensadores.”

“Nascido na religião católica, educado, porém, num país protestante, os atos de intolerância que teve que suportar sobre esse assunto fizeram-no, logo cedo, conceber a ideia de uma nova reforma religiosa, na qual trabalhou, em silêncio,  durante longos anos com o pensamento de chegar à unificação das crenças; mas faltava-lhe o elemento indispensável para a solução desse grande problema.”

“O Espiritismo veio, mais tarde, fornecer-lhe e imprimir uma direção especial aos seus trabalhos.”

“Terminados os seus estudos, veio para a França. Conhecendo a fundo a língua alemã, traduziu para o alemão diferentes obras de educação e de moral e, o que é característico, as obras de Fénelon, que o haviam particularmente seduzido.”

“De 1835 a 1840, fundou, em sua residência, na Rua de Sèvres, cursos gratuitos, onde ensinava Química, Física, Anatomia Comparada, Astronomia, etc.; empreitada digna de elogios, em todos os tempos, mas, sobretudo, numa época em que um número reduzido de inteligências arriscava-se a entrar nesse caminho.”

“Constantemente ocupado em tornar atraentes e interessantes os sistemas de educação, inventou, ao mesmo tempo, um método engenhoso para ensinar a contar, e um quadro mnemônico de História da França, tendo como objetivo fixar, na memória, as datas dos acontecimentos marcantes e descobertas que ilustraram cada reino.”

“Antes que o Espiritismo viesse popularizar o pseudônimo de Allan Kardec, ele soubera, como se vê, ilustrar-se pelos trabalhos de uma natureza completamente diferente, mas tendo como objetivo esclarecer as massas e uni-las muito mais à sua família e ao seu país.”

Por volta de 1855, quando da manifestação dos espíritos, o Sr. Allan Kardec entregou-se a observações perseverante sobre esse fenômeno e dedicou-se, principalmente, a deduzir-lhes as consequências filosóficas. Nelas entreviu, primeiramente, o princípio de novas leis naturais, as que regem as relações do mundo visível e do mundo invisível; reconheceu  na ação deste último  uma das forças da Natureza, cujo conhecimento devia lançar a luz sobre uma multidão de problemas reputados insolúveis, e compreendeu-lhes o alcance do ponto de vista religioso.

Demonstrando que os fatos falsamente qualificados de sobrenaturais estão submetidos a leis, fê-los entrar na ordem dos fenômenos da Natureza, e destruiu, assim, o último refúgio do maravilhoso e um dos elementos da superstição.” (…)(O Evangelho Segundo o Espiritismo)

“Trabalhador infatigável, sempre o primeiro a chegar e o último a sair, Allan Kardec sucumbiu, no dia 31 de março de 1869, em meio aos preparativos de uma mudança de local, necessitada pela extensão considerável de suas múltiplas ocupações. Numerosas obras que estava quase terminando, ou que aguardavam o tempo oportuno para surgir, virão, um dia, provar, ainda mais, a extensão e o poder de suas concepções.” (…)

“O homem não existe mais, repetimos, mas Allan Kardec é imortal, e sua lembrança, seus trabalhos, seu espírito estarão sempre com aqueles que mantiverem firme e altamente a bandeira que ele sempre soube fazer respeitar.”

“Uma individualidade poderosa constituiu a obra; era o guia e a luz de todos. A obra, na Terra, tomará o lugar do indivíduo. Não nos reuniremos em torno de Allan Kardec; reunir-nos-emos em torno do Espiritismo, tal como o constituiu, e através de seus conselhos, sob sua influência, avançaremos com passos seguros em direção às fases felizes prometidas à Humanidade regenerada.” (Revista Espírita, maio de 1869)

Sugestão de leitura:Obras Póstumas, Minha missão, 2ª Parte, pág. 280 e Meu retorno, 2ª Parte, pág. 296.

 


 

KARDEC, Allan. Obras Póstumas: É preciso propagar a moral e a verdade.[tradução de Maria Lucia Alcantara de Carvalho]. – 2.ed. – Rio de Janeiro: CELD, 2011.

KARDEC, Allan. Viagem Espírita em 1862. – 3.ed. – Matão – SP: Casa Editora “O Clarim”, dezembro/2000.

Revista Espírita, maio de 1869. Discurso pronunciado no túmulo: O Espiritismo e a Ciência pelo Sr. C. Flammarion.

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