A Família na Conquista do Verdadeiro Amor Espiritual

“(…) E estendendo a mão para seus discípulos, disse: ‘Eis minha mãe e meus irmãos; porque aquele que fizer a vontade de meu Pai que está nos céus, esse é meu irmão, irmã e mãe!’” 

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46. Enquanto ele ainda falava à multidão, a mãe e os irmãos dele estavam de fora, procurando falar-lhe. 47. E alguém disse lhe: “olha, tua mãe e teus irmãos estão lá fora e procuram falar-te.” 48. Mas ele respondeu ao que lhe falava: “quem é minha mãe e quem são meus irmãos?49. E estendendo a mão para seus discípulos, disse: “Eis minha mãe e meus irmãos; 50. porque aquele que fizer a vontade de meu Pai que está nos céus, esse é meu irmão, irmã e mãe!” – Mateus, 12: 46-50.

No livro “Sabedoria do Evangelho”, 3º volume, no Capítulo “A Família de Jesus”, Carlos Torres Pastorino explica nesta passagem que Jesus, com o olhar benévolo sobre os que O rodeavam, lança Sua doutrina nítida: ‘o ideal é superior aos laços de sangue; a família espiritual é mais importante que a natural e sobreleva a ela’.

‘A lição de Jesus quanto ao modo de serem tratados os parentes consanguíneos, vale hoje e sempre. Não é o fato de haver um laço de parentesco, que pode desviar o curso evolutivo de um espírito. O parentesco espiritual de fraternidade REAL com todas as criaturas (porque filhos do mesmo Pai celestial) é muito mais forte; e Jesus ensina categoricamente: a ninguém na Terra chameis vosso Pai, porque só um é vosso Pai: aquele que está nos céus’ (Mateus, 23: 9), ou seja, no imo do coração: a Centelha Divina, o Cristo Interno. 

Os parentes – inclusive pai, mãe, irmãos e irmãs – são acidentes temporários que se desfazem ao terminar essa encarnação, renovando-se a cada novo nascimento (salvo exceções em que se verifica uma repetição que, por vezes, dura duas ou três vidas).’ 

Mas os sintonicamente afins, esses seguem em grupos homogêneos que, mesmo sem parentesco físico algum, se reencontram seguidamente durante milênios.

Assim explica Kardec em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, capítulo XIV, “A Parentela corporal e a parentela espiritual”, item 8: “Então, há duas espécies de famílias: as famílias pelos laços espirituais e as famílias pelos laços de sangue. As primeiras – que são duráveis – se fortalecem pela purificação e se perpetuam no mundo dos Espíritos, através das várias migrações da alma; as segundas – frágeis como a matéria – se extinguem com o tempo e muitas vezes se dissolvem moralmente, já na existência atual.” 

Em “O Livro dos Espíritos”, 3ª Parte, Capítulo VII, Subcapítulo 1, “Necessidade da Vida Social”, na questão 768, Kardec comenta que “Nenhum homem dispõe de faculdades completas. Mediante a união social, eles se completam mutuamente, para assegurarem o seu bem-estar e progredirem. É por isso que, precisando uns dos outros, os homens foram feitos para viver em sociedade, e não insulados.

A questão é que precisamos uns dos outros para progredir, mas nem sempre encontramos esse apoio mútuo entre os nossos familiares. Muitas das vezes nos queixamos e afirmamos que determinado familiar é um inimigo de uma existência passada. Porém, no livro “Teu Lar”, o Irmão José nos fala que nem todo problema em nosso relacionamento doméstico é consequência de vidas anteriores. Os espíritos também se atraem pela necessidade mútua de aprendizado; onde são chamados a se resgatarem das sombras da própria ignorância.

No livro “Encontro de Paz”, através da psicografia de Chico Xavier, Emmanuel nos auxilia nesse processo de relacionamento doméstico ao afirmar que quando pessoas amadas ‘não consigam corresponder-nos aos ideais de aperfeiçoamento e grandeza, não será lamentando-as, tão somente malsinando e reprovando lhes as deficiências que suscitaremos a ascensão delas ao nível desejado. Aqueles corações mais profundamente ligados aos nossos são obras da imortalidade que fomos chamados pela sabedoria da vida a abençoar e burilar. Junto deles, silencia qualquer lamentação e cala toda a crítica e, auxiliando quanto possas, ama sempre. Tão só pelo amor e pelo trabalho do amor ser-nos-á possível renovar e construir.

Para nos auxiliar neste exercício moral, Emmanuel nos instrui no livro “Rumo certo”, de Chico Xavier, Capítulo XX, “Familiares e Amigos”: “E, acima de tudo, reconhecendo quão importante se faz a liberdade para o desempenho das obrigações que nos foram assinaladas, saibamos respeitar neles [familiares queridos] a liberdade que igualmente desfrutamos, perante as Leis do Universo, a fim de crescerem e se aperfeiçoarem na condição de livres filhos de Deus.

Em “Palavras de vida eterna”, de Chico Xavier, no Capítulo 168, “Teste”, Emmanuel nos mostra que é através da parentela corporal, no cadinho das lutas diárias, que conquistaremos o verdadeiro amor espiritual no seguinte trecho: “Se já nos aproximamos do Cristo, assimilando lhes as mensagens de vida eterna, procuremos comunica-las, pelo idioma do exemplo, primeiramente aos nossos, aos que nos compartilham as maneiras e os hábitos, as dificuldades e as alegrias. Se aprovados na escola doméstica onde somos mais rigorosamente policiados, quanto ao aproveitamento real dos ensinamentos nobilitantes que admitimos e apregoamos, decerto que nos acharemos francamente habilitados para o testemunho do Senhor, junto da Humanidade, nossa família maior.

Por isso, enquanto tivermos oportunidade, façamos o bem a todos, mas principalmente aos da família da fé.” – Paulo (Gálatas, 6: 10)

Muita paz!


 

PASTORINO, Carlos Torres. Sabedoria do Evangelho. 3º Volume. Publicação da revista mensal. Sabedoria. Rio de Janeiro, 1964, págs. 10 a 12. 

KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. [tradução de Evandro Noleto Bezerra a partir da 2ª, 4ª, 5ª, 6ª, 10ª e 12ª edições francesas]. – 4.ed. 2.imp.- Brasília: FEB, 2014. 

KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. [tradução de Evandro Noleto Bezerra da 3.ed. francesa, revista, corrigida e modificada pelo autor em 1866]. – 2.ed. 3.imp.- Brasília: FEB, 2015.

BACCELLI, Carlos A. Teu Lar. [pelo Espírito Irmão José]. 5.ed. Casa Editora Espírita “Pierre-Paul Didier”, 2004.

XAVIER, Francisco Cândido. Encontro de Paz. [por Espíritos diversos]. 4.ed. IDE, 1993. 

XAVIER, Francisco Cândido. Rumo certo. [pelo Espírito Emmanuel]. 11.ed. FEB, 2008.

 

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