A Morte Não Existe!!!

MORRI, E AGORA?!

Breves reflexões sobre a morte.

A principal surpresa do indivíduo ao se defrontar com a experiência da morte é a de que continua vivo.

A morte não existe.

Acreditar na imortalidade espiritual implica em modificar por completo os padrões de vida quando comparados com o perfil do materialista, que não crê em nada além da morte.

Aquele que imagina o fim absoluto ou término da existência física não tem razão alguma para ser uma boa pessoa, ajudar o outro, ser honesto, solidário, caridoso. Tudo deixará de existir mesmo; então, para que considerar a ética e os valores defendidos pelos moralistas?

No entanto, quando admitimos a continuidade existencial após o sepulcro,  somos naturalmente impelidos a adotar mínimas providências para considerar como ficará nossa situação do outro lado da vida.

As concepções religiosas acerca do assunto são variadas e, às vezes,  conflitantes.

Mas, esta é a razão da existência de diversas religiões, pois cada uma explica à sua maneira como ficará a alma após a morte do corpo físico.

Céu, inferno, purgatório, sono eterno, espera de julgamento são opções tradicionais que as doutrinas dogmáticas ofertam a seus profitentes.

O Espiritismo tem mais a oferecer.

A vida futura contém a explicação para o entendimento da mensagem de Jesus. Sem a perspectiva do porvir ficamos limitados a estreitos horizontes que nos impedem de ampliar a visão para entendimento mais amplo do verdadeiro significado da vida, em sua expressão de imortalidade.

Um amigo comentava ainda outro dia: “O maior patrimônio que Deus ofereceu ao homem foi conferir-lhe o dom de ser imortal”. Essa condição é inerente à nossa natureza. Portanto, não há como excluí-la, por mais que alguém tenha esse propósito. Nem nós mesmos conseguimos eliminar a essência divina que guardamos na intimidade do ser, pois reconhecer a paternidade de Deus implica assumir a postura de filhos.

Entretanto, por mais que tenhamos a ideia de nossa imortalidade, a experiência da morte física é algo que ainda nos causa estranheza, surpresa, e, por que não dizer, em algumas situações, mal-estar?! Nascemos, morremos, renascemos inúmeras vezes, e continuamos nos acertos e desacertos das provas e expiações, repetindo lições não aprendidas, indo e vindo e tornando a voltar… E a morte, ainda nos causando enorme impacto!

Quando observamos e acompanhamos entes queridos, familiares ou amigos próximos, despedindo-se da vida impermanente e acessando o portal da realidade imorredoura, é quase inevitável refletirmos sobre a transitoriedade da existência passageira e a importância da vida perene.

É indispensável que tais reflexões se manifestem enquanto estivermos a caminho, do lado de cá. E o Espiritismo concede-nos essa extraordinária oportunidade, por nos oferecer os elementos indispensáveis para que pensemos mais amplamente, entendendo a essência da vida no antes e depois da breve passagem pela vida material.

Do outro lado da vida não há milagres. E a morte não nos transformará num “passe de mágica”. A situação a ser encontrada por lá é exatamente a que estamos construindo aqui neste momento.

Por isso, não percamos tempo em dúvidas e questionamentos desnecessários; esforcemo-nos por praticar a lei de justiça, amor e caridade em sua essência e plenitude. Isso sim é que fará a diferença fundamental entre a nossa felicidade ou infelicidade no grande amanhã que aguarda a todos.

Geraldo Campetti Sobrinho

Referências:

KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Trad. Guillon Ribeiro. 130. ed. 1. reimp. Rio de Janeiro. FEB. 2011. Cap. 28, it. 40-41.

_________ O Livros dos Espíritos. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2ed. 1 reimp. Rio de Janeiro. FEB. 2011. Q. 165.

SIMONETTI, Richard. Quem tem medo da morte? 3.ed. Bauru, SP: CEAC. 2003.

XAVIER, Francisco C. Voltei. pelo Espírito Irmão Jacob. 28.ed. 4.reimp. Rio de Janeiro: FEB. 2010.

 (Extraído da Revista Reformador de Junho de 2012)


 

À FRENTE DA MORTE

Não olvides que, além da morte, continua vivendo e lutando o Espírito amado que partiu…

Tuas lágrimas são gotas de fel em sua taça de esperança.

Tuas aflições são espinhos a se lhe implantarem no coração.

Tua mágoa destrutiva é como neve de angústia a congelar-lhe os sonhos.

Tua tristeza inerte é sombra a escurecer-lhe a nova senda.

Por mais que a separação te lacere a alma sensível, levanta-te e segue para a frente,

honrando-lhe a confiança, como a fiel execução das tarefas que o mundo te reservou.

Não vale a deserção do sofrimento, porque a fuga é sempre a dilatação do labirinto em

que nos arroja a invigilância, compelindo-nos a despender longo tempo na recuperação

do rumo certo.

Recorda que a lei de renovação atinge a todos e ajuda quem te antecedeu na grande

viagem, como o valor de tua renúncia e com a fortaleza de tua fé; sem esmorecer no

trabalho – nosso invariável caminho para o triunfo.

Converte a dor em lição e a saudade em consolo, porque, de outros domínios vibratórios,

as afeições inesquecíveis te acompanham os passos, regozijando-se com as tuas vitórias

solitárias, portas a dentro de teu mundo interior.

Todas as provas objetivam o aperfeiçoamento do aprendiz e, por enquanto, não

passamos de meros aprendizes na Terra, amealhando conhecimento e virtude, em

gradativa e laboriosa ascensão para a vida eterna.

Deus, a Suprema Sabedoria e a Suprema Bondade, não criaria a inteligência e o amor, a

beleza e a vida, para arremessá-los às trevas.

Repara em torno dos próprios passos.

A cada noite no mundo segue-se o esplendor do alvorecer.

O Inverno áspero é sucedido pela Primavera estuante de renascimento e floração.

A lagarta, que hoje se arrasta no solo, amanhã librará em pleno espaço com asas

multicolores de borboleta.

Nada parece.

Tudo se transforma na direção do Infinito Bem.

Compreendendo, assim, a Verdade, entesourando-lhe as bênçãos, aprendamos a

encontrar na morte o grande portal da vida e estaremos incorporando, em nosso próprio espírito, a luz inextinguível da gloriosa imortalidade.

***

F. de La Rochefoucauld em “Maximes”: On n’est jamais si hereux ni si malheureux qu’on s’imagine. Nunca se é tão feliz ou tão desgraçado quanto as aparências

possam fazer supor.

 (Extraído do livro Escrínio de Luz, de Francisco Cândido Xavier por Emmanuel)


SUGESTÃO DE LEITURA:

  • KARDEC, Allan, Obras Póstumas, Primeira Parte A Morte Espiritual, 27α ed. FEB, Brasília, DF 2008.
  • Quem tem medo da Morte? – Richard Simonetti – o livro todo.

  • SOBRINHO, Geraldo Campetti  – Revista Reformador – Junho de 2012 – acervo da Revista Reformador – FEB
  • XAVIER, Francisco Cândido – Escrínio de Luz – pelo espírito Emmanuel. Ed. Comemorativa da Feira do Livro Espírita 1973. O CLARIM, Matão, SP.
  • SIMONETTI, Richard. Quem tem medo da morte? 3ª ed. Bauru – SP, CEAC Editora, 2003.
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