Lembrando o seu nascimento (3 de outubro de 1804) – O Espiritismo veio dar execução à lei cristã.
“Em outubro é imperioso lembrar Kardec.
Foi neste mês, no início do século XIX – precisamente em 3 de outubro de 1804 -, que veio ao mundo, na cidade de Lyon, na França, aquele que viria a ser o Codificador do Espiritismo.
A importância do fato se mede pela grandeza e significação da doutrina que vinha firmar as bases da fé racional, em substituição à fé cega, porque calcada em fatirs criteriosamente observados, que traziam em si mesmos a demonstração cabal da sobrevivência do homem, em Espírito, trazendo-lhe não só a esperança, mas também, agora, a certeza de uma vida espiritual cheia de beleza e de motivações de trabalho, aprendizado e progresso constantes. \os desdobramentos doutrinários que se seguiram a essa consoladora demonstração de uma verdade até então apenas pressentida, embora tenha sempre constituído a mais legítima aspiração da Humanidade; as mensagens que, depois, fluíram e continuam fluindo desse plano espiritual assim abertamente desvelado aos homens, trazendo-lhes revelações graduais e progressivas, cada vez mais amplas, sobre a vida além da carne; todo esse acervo maravilhosos de princípios basilares e de revelações transcendentes que constitui hoje um patrimônio espiritual incomparável dessa mesma Humanidade; tudo isso se deve – primacialmente – a Allan Kardec. Ele foi o excelso missionário, a quem se deve poderem os homens que buscam sinceramente a Verdade encontra-la hoje a seu alcance e em gradações sucessivas, não dó nas próprias obras básicas do Codificador, como em muitas que se lhes seguiram, devidas a continuadores da obra realizada pelo inolvidável Mestre de Lyon. Reverenciar-lhe a memória é ato de lídima justiça, e envolve também a gratidão que se deve a um imenso benfeitor da Humanidade,
O Espiritismo caminha, conquistando cada vez mais consciências e corações. Ele obedece a um desígnio divino e realiza na época oportuna a promessa do Cristo: do Consolador. Seu grande objetivo é esclarecer os homens e, esclarecendo-os, dar-lhes fé viva e inabalável; é reavivar neles as lições de Jesus, conclamando-os ao amor fraterno, à humildade e à caridade, ao amor mesmo ao inimigo, ao perdão irrestrito das ofensas, à cordura e à mansidão. É esse o objetivo máximo do Espiritismo, o seu supremo escopo: reviver os ensinos cristãos, dando também a chave para o seu perfeito entendimento. Para conseguir esse objetivo, porém, e, inspirando-se ainda em Jesus, reveste-se de uma característica que lhe é própria e lhe confere invulgar receptividade: não oprime consciência alguma. Branda e suave é a sua autoridade, que nunca foi opressora e não o pretende ser, jamais. A todos conclama, esclarecendo e consolando, mas a ninguém obriga; deixa ao contrário, a cada um, liberdade plena para seguir-lhe ou não os sublimes preceitos, no mais completo acatamento ao livre-arbítrio humano.
A esse respeito para-nos reproduzir aqui o que escreveu em outubro de 1948, num artigo submetido ao título “O legado de Kardec”, o preclaro confrade Indalício Mendes:
“A personalidade de Allan Kardec se agiganta com o suceder dos anos, impregnadas que se acham as suas obras de amor ao próximo, exalando o suave perfume do Evangelho. O Espiritismo vai ampliando seus domínios, sem forçar a consciência de ninguém, sem escravizar o homem a incompreensíveis princípios dogmáticos, sem sugerir a quem quer que seja a formação de ideias sectárias, sem, finalmente, ferretear o Espírito humano com a legenda repulsiva da passividade absoluta – “perinde ao cadáver”! É o próprio Kardec que esclarece: “ O Espiritismo proclama a liberdade de consciência como direito natural; reclama-a para si e para todo o mundo, respeita toda a convicção sincera e pede reciprocidade. Da liberdade de consciência resulta o direito de livre exame em matéria de fé. O Espiritismo combate o princípio da fé cega, que impõe ao homem a abdicação do seu próprio juízo, reconhecendo que não pode ter fundamento a fé imposta. “No número de suas máximas está esta: A fé inabalável é somente aquela que pode encarar a razão face a face, em todas as épocas da Humanidade.”
O Espiritismo restabeleceu o respeito à dignidade humana, mostrando que Deus nos concedeu o livre-arbítrio para que, por nós mesmos, escolhamos o caminho que nos conduzirá à redenção. Meditemos, portanto muito seriamente, na enorme responsabilidade que todos contraímos, não apenas com o Codificador ilustre, mas, em última análise, com o Mestre Excelso – Jesus. Seguindo o Evangelho estaremos acompanhando Kardec; desvirtuando a Doutrina Espirita, estaremos traindo o Cristo.
A Doutrina é o grande legado de Allan Kardec à Humanidade. Honremo-lo, por conseguinte, com os nossos melhores pensamentos e os nossos mais nobres exemplos, sem esquecer jamais do lema kardeciano, que é todo um extenso programa de ação do Espiritismo evangélico: Trabalho, Solidariedade, Tolerância.”
(extraído do acervo da Revista Reformador de outubro de 1982 – páginas 7 e 8)
EM HOMENAGEM A KARDEC
A Cultura atingira o apogeu da descrença,
Imergira-se o Templo em fumo de vanglória
E, embora fosse o Cristo a eterna luz da História,
Afligia-se a Terra em sombra espessa e imensa.
A Civilização padecia a presença
De soberano caos em púrpura irrisória,
Sob a pompa do verbo esfervilhava a escória
Da cegueira e do escárnio a erguer-se em treva densa.
Mas Kardec domina a enorme noite humana
E traz no Espiritismo a Fé que se engalana,
Ao fulgor da Razão generosa e sincera…
O Evangelho ressurge. O Céu brilha de novo.
E Jesus, retornado ao coração do povo,
Acende para o mundo o Sol da Nova Era.
Pelo Espírito Amaral Ornellas
XAVIER, Francisco Cândido. Fonte de Paz. Espíritos Diversos. IDE. Capítulo 2.
Sugestão de leitura: Obras Póstumas, Minha missão, 2ª Parte, pág. 280 e Meu retorno, 2ª Parte, pág. 296.
KARDEC, Allan. Obras Póstumas: É preciso propagar a moral e a verdade.[tradução de Maria Lucia Alcantara de Carvalho]. – 2.ed. – Rio de Janeiro: CELD, 2011.
KARDEC, Allan. Viagem Espírita em 1862. – 3.ed. – Matão – SP: Casa Editora “O Clarim”, dezembro/2000.
Revista Espírita, maio de 1869. Discurso pronunciado no túmulo: O Espiritismo e a Ciência pelo Sr. C. Flammarion.