Valorização da Vida: “Memórias de Um Suicida” e Sua Relação com O CVV

Para quem ainda não conhece, “Setembro Amarelo” é uma Campanha de conscientização sobre a prevenção do suicídio, com o objetivo direto de alertar a população a respeito da realidade do suicídio no Brasil e no mundo e suas formas de prevenção.

Informativo da doutrina_Setembro 2016

Ocorre no mês de setembro, desde 2014, por meio de identificação de locais públicos e particulares com a cor amarela e ampla divulgação de informações.

Como falar sobre este tema sem destacar o livro “Memórias de um suicida”, de Yvonne do Amaral Pereira, e sua relação com o Centro de Valorização da Vida (CVV)? Vamos conhecer um pouco a sua história?

Memórias de um suicida” é uma obra de inegável valor doutrinário e de apoio e fortalecimento moral a todos que passam por dolorosas provações e expiações nesta vida. 

Este livro foi recebido em 1926; sendo publicado somente em 1956, 30 anos depois. Ele é uma exposição escrita e articulada de um crime atentado contra a própria vida e todas as suas consequências. Ele narra desde as tragédias que se desenvolvem no Vale dos Suicidas até o amparo maternal de Maria de Nazaré, no hospital que traz seu nome na espiritualidade.

É de fato um marco na bibliografia mediúnica brasileira e o melhor exame sobre suicídio do ponto de vista doutrinário espírita. 

A D. Yvonne nos conta o que a motivou a escrevê-lo no livro “Pelos caminhos da mediunidade serena”, na Sexta Entrevista, com as seguintes palavras: 

Creio que o verdadeiro motivo desse trabalho é o meu passado espiritual, porque eu fui suicida, também. Reencarnei com essa tarefa, este dever de escrever alguma coisa para reparar o passado.

 “Memórias de um Suicida” é uma obra com dois estilos: as narrativas são de Camilo Castelo Branco e a parte filosófica, de Léon Denis

É um livro que tem produzido frutos, tanto no sentido de salvar criaturas do suicídio, como na criação de obras dentro do movimento espírita. E uma dessas obras é o Centro de Valorização da Vida (CVV). Um movimento mundial, mas que ainda não havia no Brasil.

Aqui (no Brasil), a iniciativa partiu de um grupo de jovens, na época com poucos conhecimentos e sem nenhuma experiência, porém cheios de idealismo e disposição. 

Isso ocorreu em 1961, período em que passaram o tempo estudando, se inteirando de dados estatísticos, conversando com profissionais especializados, visitando enfermos que haviam tentado se matar e, principalmente, planejando uma futura escala de trabalho por meio de “plantões”.

No ano seguinte, em 1962, eles já estavam organizados e prontos para iniciar o trabalho, tendo como suporte uma pequena sala e um telefone, emprestados por uma instituição beneficente. 

Esses jovens plantonistas eram alunos da Escola Aprendizes do Evangelho (EAE) da Federação Espírita do Estado de São Paulo (FEESP), cujo dirigente da turma era o Dr. Milton Batista Jardim. Ele havia recebido de Edgard Armond (responsável pela implantação da FEESP) um envelope contendo um recorte de revista falando dos Samaritanos de Londres e um pequeno recado destinado ao estudante Jacques Conchon:

Para quem quer servir esta é uma boa oportunidade.

Bom, chegava o momento de colocar em prática os ensinamentos da EAE e Jacques Conchon entendeu o significado daquela mensagem. Sua missão era propor aos colegas de turma a formação de uma força-tarefa para abraçar essa causa. Cada um deles tinha o seu obstáculo pessoal, mas não esmoreceram. 

Espiritualmente, esse trabalho estava sob a inspiração da poetisa parnasiana Francisca Júlia e do jornalista e poeta Manuel Batista Cepello (ambos desencarnados por suicídio, respectivamente, em 1915 e 1920) e estreitos vínculos com a Legião dos Servos de Maria, descrita no livro de Camilo Castelo Branco

Essa informação seria confirmada diretamente aos fundadores do CVV pela médium Yvonne Pereira, que psicografou a obra, onde declara ser uma interna numa instituição para recuperação de suicidas sob a supervisão de Bezerra de Menezes e provisoriamente exilada na carne para cumprir parte do tratamento e auxiliar na divulgação do trabalho.

Quase 20 anos depois da fundação, em 1978, outro desafio seria feito. Em visita ao Brasil, o Reverendo Chad Varah, fundador do Samaritanos de Londres, propôs a fusão das marcas CVV e Samaritanos. A intenção era somar forças para organizar um audacioso plano de expansão desse serviço no Brasil e na América do Sul. No fim do encontro, ele saiu da sede do CEAE Genebra, em São Paulo, com um exemplar do “Evangelho segundo o Espiritismo” e a certeza de que na década seguinte o plano se tornaria uma realidade.

Seriam mais de três décadas de intenso trabalho, transformações e muitas realizações. Ele deixou de ser um posto de atendimento para tornar-se uma proposta de vida, levada a mais de 30 mil voluntários ao longo desses anos.

Chegaram aos 50 anos com cerca de 2.500 voluntários, 72 postos e duas novas frentes de atuação: CVV-Web e CVV Comunidade. É pouco, se levarmos em conta que o número de pessoas tristes, solitárias e angustiadas está aumentando em proporções preocupantes. Mas não devemos nos impressionar, nem desanimar! Acreditar na pessoa e na vida está acima de tudo e o desafio deles agora é descobrir como vivem e como sofrem os seres humanos no século 21.

E, para concluir, as palavras de Pedro Camilo no livro “Pelos caminhos da mediunidade serena”: 

De 1956 até aqui, 2006, já contamos 50 anos de serviços inestimáveis, proporcionados por essa parceria Yvonne Pereira / Camilo Castelo Branco; deles que, no presente momento, se encontram em posições opostas: ela, entre os ‘mortos-vivos’; ele, entre os ‘vivos-mortos’.” 

Hoje, são mais de 60 anos de trabalho incessante! Vamos divulgar?!

Muita paz!


PEREIRA, Yvonne do Amaral. Organizado por Pedro Camilo. Pelos Caminhos da Mediunidade Serena. São Paulo: Lachâtre, 2007.

SANTOS, Dalmo Duque dos. 50 Anos servindo com amor e disponibilidade. Jornal “O Trevo”. Edição nº 440. Março de 2012.

LINKS:

http://www.setembroamarelo.org.br/

http://www.cvv.org.br/site/historia.html

http://www.cvv.org.br/site/conheca.html

 

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