“Enquanto a oportunidade se apresenta, revesti-vos do manto branco, abafai as discórdias, pois que as discórdias pertencem ao reino do mal que vai ter fim. Seja-vos possível fundir-vos em uma única e mesma família e dar- vos mutuamente, do fundo do coração e sem pensamento premeditado, o nome de irmãos. Se entre vós há dissidências, causas de antagonismos, se os grupos, que devem todos marchar para um objetivo comum, estiverem divididos, eu o lamento, sem me preocupar com as causas, sem examinar quem cometeu os primeiros erros e me coloco, sem hesitar, do lado daquele que tiver mais caridade, isto é, mais abnegação e verdadeira humildade, pois aquele a quem falta a caridade está sempre errado, assistido embora por qualquer espécie de razão, pois Deus maldiz quem diz a seu irmão; raca.
Os grupos são indivíduos coletivos que devem viver em paz, como os indivíduos, se, realmente, são espíritas. (…)
O que digo das dissidências entre grupos vale, igualmente, para as que possam haver entre os indivíduos. Em semelhante circunstância, a opinião de pessoas imparciais é sempre favorável àquele que dá provas de maior grandeza e generosidade. Aqui na Terra, onde ninguém é infalível, a indulgência recíproca é uma consequência do princípio da caridade que nos leva a agir para com os outros como quereríamos que os outros agissem para conosco. (…)
Sondai, pois, os refolhos de vossa alma, para dela arrancardes os últimos vestígios das ruins paixões, se delas algo restar ainda. E se experimentais algum ressentimento contra alguém, cuidai de abafá-lo e dizei: “Irmão, esqueçamos o passado. Os maus espíritos nos haviam separado; que os bons nos reúnam!”
Allan Kardec – 3º Discurso pronunciado nas reuniões gerais dos espíritas de Lyon e Bordeaux / Viagem Espírita em 1862